quinta-feira, 12 de maio de 2016

Sexo frágil?

Por que nós mulheres temos tanto medo? Por que sempre pensamos muito antes de agir, quando se trata de nos protegermos? Por que nos escondemos quando choramos? Por que deixamos, muitas vezes, que abaixem nossas cabeças, como se fossemos submissas e inferiores? 

Desde que mundo é mundo, as mulheres sempre foram ensinadas que são inferiores, menores, sem valor, submissas, sem voz, feitas apenas para obedecer aos homens, a servi - lo da maneira que ele quiser e principalmente, como ele quiser. Uma vez estava lendo na internet e soube que em 1955, foi feita uma cartilha, "O Guia da Boa Esposa", com dezoito itens, dizendo como a mulher deveria cuidar da casa, como poderiam falar com seus maridos e até mesmo como agir. Alguns absurdos, como: 

"Tenha o jantar sempre pronto. Planeje com antecedência. Esta é uma maneira de deixá - lo saber que se importa com ele e com suas necessidades."

"Separe quinze minutos para descansar, assim você estará revigorada quando ele chegar. Retoque a maquiagem, ponha uma fita no cabelo e pareça animada." 

"Seja amável e interessante para ele. Seu dia foi chato e pode precisar que o anime e é uma das suas funções fazer isso."

"Minimize os ruídos. Quando ele chegar desligue a máquina de lavar, secadora ou vácuo. Incentive as crianças a ficarem quietas." 

"Você pode ter uma dúzia de coisas pra dizer para ele, mas a sua chegada não é o momento. Deixe - o falar primeiro. Lembre - se, os temas de conversa dele são mais importantes que os seus." 

"Não reclame se ele se atrasar para o jantar ou passar a noite fora. Veja isso como pequeno em comparação ao que ele pode ter passado durante o dia."

"Arrume o travesseiro e se ofereça para tirar os sapatos dele. Fale em voz baixa, suave e agradável." 

"Uma boa esposa sabe seu lugar"

Conforme o tempo foi passando, as mulheres foram lutando pelos seus direitos, para serem vistas como iguais, numa sociedade que até hoje é machista. Ainda julgada pela maneira que se veste, a cor do batom que usa, a maneira que se porta, por ser mãe solteira, as mulheres ainda estão longe da fim da luta pela sua tão sonhada igualdade. 

Algum tempo atrás, ouvi de uma pessoa, um homem no caso, que as mulheres não podem se vestir da maneira que quiser, nem andar a hora que quiser na rua, porque a mesma vai sofrer assédio ou até mesmo ser estuprada, porque os homens tem instintos, dos quais as mulheres não entendem e eles (homens) estão no direito de fazer isso. Eu tive uma conversa discussão com a pessoa e deixei meu ponto de vista esclarecido, mesmo que ele não concordasse, porém queria que ele soubesse como uma mulher se sente ao ouvir esse tipo de absurdo. 

Cerca de seis meses atrás, soube de um relato, sobre uma agressão que uma conhecida tinha sofrido. 
Essa menina trabalha numa loja de roupas e todo dia o pessoal faz uma vaquinha, para comprar o café da manhã. Ela foi comprar, junto com um rapaz, que todos sabem que ele tem um caso com a chefe do departamento e que constantemente, fecha os olhos ou passa mão na cabeça do rapaz, para as merdas que ele faz dentro da empresa. O mesmo sugeriu que fossem por um atalho, ela concordou e quando chegaram na rua do suposto atalho, ele a agarrou. Ela se debateu, bateu nele e conseguiu se desvencilhar. O rapaz pediu desculpas imediatamente, ela manteve a distância e disse para comprar o café da manhã e voltar. Na empresa, a menina estava diferente, calada, distante e com cara de choro. Quando as amigas, em quem ela confiava, perguntaram o que aconteceu e ela disse. Tentaram convencê - la a denunciá - lo, sem sucesso. Entretanto, conseguiram com que ela falasse com a chefe. Quando foi a sala da chefe, ouviu o seguinte discurso: "Você dá intimidade demais. Se ele fez isso com você, foi porque deu brecha ou deu a entender que ele poderia fazer isso com você. Se dê ao respeito, que ninguém mais fará isso." A menina foi embora para casa e ficou por isso mesmo. 

Alguns vão dizer que a culpa foi da menina que aceitou pegar o atalho, mas a verdade é, dando ou não liberdade, homem nenhum tem direito de te pegar a força. Nada justifica tal ação. Ouvir esse discurso de um homem é ruim, mas ouvir de uma mulher, numa posição de chefe, que deveria proteger duplamente, é desconcertante. Não devemos nos sentir seguras quando apenas estamos acompanhadas. Queremos respeito, direito de ir e vir, sair e chegar a hora que quiser, sem medo de sermos estupradas, de vestir o que quiser, sem ser julgadas ou assediadas. 

Se você sofreu ou sofre alguma agressão: DENUNCIE! Não tenha medo. Sabe essas moças, que você ouve falar, as feministas? Então, somos mulheres unidas, vamos ajudá - la da melhor maneira que pudermos, mas a partir do momento que não tem denúncia, dá chance deles fazerem de novo, seja com você ou com outras mulheres. Eu, sua amiga, sua vizinha, amiga da sua irmã... E ainda vão pensar que estão no direito, por sentirmos medo de denunciar. Não podemos deixar esses monstros a solta, achando que é normal agredir uma mulher. 

Não somos o sexo frágil
Vai ter luta sim!  

























quarta-feira, 11 de maio de 2016

Prioridades

Sempre tive muitos ciúmes, aqueles nada saudáveis, de vasculhar redes sociais e celular. Conforme o tempo, isso foi diminuindo, principalmente depois que comecei a namorar o Robson, atualmente, meu marido. Sempre entendi amizade entre homem e mulher, por mais que não parecesse. Até porque tenho muitos amigos homens dos quais são apenas amigos, sem segundas ou terceiras intenções. Quando namorava meu ex, Matheus, não conseguia entender sua amizade com sua amiga, Luciana, porém, quando terminamos, coloquei a cabeça e os pensamentos no lugar, percebi o quanto fui injusta com a amizade deles. Poderia e deveria ter sido mais compreensiva. 

O que mais tem no mundo são casais que brigam pelo passado alheio. Ou porque o namorado (a) é amigo (a) do (a) ex, ou porque simplesmente tem amigos do sexo oposto, sem vínculo de um relacionamento anterior. Todo mundo com quem nos relacionamos tem um passado e é preciso tentar, ao menos, compreender. Ao meu ver, aqueles que não acreditam nesse tipo de amizade, são pessoas que fazem amizades já com segundas intenções. podem planejar algo no começo ou a longo prazo, mas estão ali esperando o momento certo. 

Recentemente, reencontrei um amigo, de longa data, que me disse que não sente ciúmes e depois de muitas conversas, consegui enxergar da forma que ele enxerga e levei isso de não ter ciúmes para a minha vida. Claro, ainda não estou 100%, mas coisas que antes me incomodavam, hoje não incomodam mais. Ou apenas me importar com o que é realmente importante. Funcionou, pois estou me estressando menos, me sinto mais leve e sem a necessidade de controlar tudo a minha volta. Relaxar faz bem, principalmente quando é mentalmente relaxada. 

Então, qual é o limite da amizade? Isso sequer existe? Você realmente não se importa de deixar seu marido, namorado, companheiro, sair pra beber com os amigos, enquanto ele assiste ao futebol num bar, muito menos controla o horário, mas quando o mesmo não atende o celular e nem dá sinal de vida e chega de madrugada em casa, realmente é necessário existir um certo limite. Não pra mostrar quem manda, mas pelo simples fato do mundo estar perigoso e você precisa, no mínimo, saber se a pessoa está bem. 

Mas quando se trata da amizade do sexo oposto, onde estão os limites? Ninguém sabe! Quando o amigo (a) ganha mais atenção em determinados assuntos, isso tende a te incomodar e você passa a questionar a si mesmo: "Quem é prioridade nessa bagaça? A amizade ou eu?" Saber dosar a atenção é essencial e saudável, seja para você ou para o (a) companheiro (a). A melhor parte de tudo isso é quando todo mundo se torna amigo. Mais fácil de se sentir confortável em ajudar com os problemas dos outros, quando se tem ao menos uma certa intimidade. 

Eu sei a todo tempo quais são as minhas prioridades, seja nos estudos, trabalho, na vida e com os amigos, mas e você, sabe?













segunda-feira, 2 de maio de 2016

Eu, tu e ela

Sei que está um pouco cedo pra texto do dia das Mães, mas como estou inspirada e se eu esperar até domingo pra postar, posso acabar esquecendo. 

Eu não fui planejada, nem aceita, nem bem vinda. Fui um erro, entre duas pessoas, que no fim acabou sendo um acerto. Pelo menos é o que me falam. Quando minha mãe engravidou, teve de esconder da minha avó, que com a sua sagacidade, descobriu logo no início. Então, minha mãe tinha que resolver o problema. Depois de um momento morando com meu pai, descobriu que ele não estava separado da esposa, como havia dito e mantinha dois relacionamentos. Ela voltou pra casa da minha vó e enfrentou tudo o que vinha pela frente: a ira da minha avó, o meu tio dando opinião sobre a gravidez, que não queria que eu nascesse, mas que ela não podia tirar e nem dá a criança, ou seja, não ajudou em nada. A perda das "amigas"que deixaram de falar com ela, por estar grávida e não ser casada e ser mãe solteira, aos dezenove anos, em 1989, quando era vergonhoso ser mãe solteira. Hoje em dia ainda existe o julgamento sobre isso, mas naquela época você não podia falar muito pra se defender. Estava errada e ponto. 

Não cresci numa família tradicional. Segundo alguns babacas que estão no poder, Família Tradicional é: pai, mãe e filhos. o que considero de família tradicional é ser criado onde se tem amor. Isso eu tive (e tenho) de sobra. Criada por duas mulheres incríveis, minha avó, Julia Sousa e minha mãe, Ana Ruth, elas fizeram o dever de casa, muito melhor que várias famílias tradicionais por aí. Uma menina criada por duas mulheres? O que poderia sair daí? Muita coisa boa e divertida. 

Minha criação foi longe cheia de frescura e mimos, como costumavam dizer que seria, por ser filha única. Dona Julia, sempre severa, me obrigando a comer o que tinha na mesa, porque pobre não tem opção de escolher, tem que comer o que tem, sempre dizendo que elas duas eram minhas amigas, pra não depender de alguém pra fazer qualquer coisa na vida, não desistir dos meus sonhos por ninguém, estude, não se apegue aos homens, não arrume filho cedo, trabalhe, ganhe dinheiro e guarde algum pra velhice. Minha avó não levava desaforo pra casa e me ensinou a ser assim. Tenha sua própria voz e opinião. Mas de algum modo, eu a conquistei. Ela me mimava, mas era uma das formas de dizer que me amava, fazendo bolos de chocolates, canjica, canja, brigadeiros, pudim, aipim frito, bife acebolado e muitas outras coisas mais. Afinal, foram vinte e seis anos de guloseimas. Como a minha mãe não podia ir a muitos eventos da escola e nem reuniões, era sempre minha vó que estava lá. Minha mãe sempre trabalhou muito pra deixar o aluguel em dia e a comida na mesa. Minha avó trabalhou arduamente a vida inteira. No Maranhão, trabalhou em dois empregos pra dar uma boa educação aos filhos e aqui no Rio, limpava casas. Limpou até aos 79 anos, até que caiu, machucou o braço e teve que admitir que não tinha mais idade pra isso. Minha parte durona, grosseira, sincera, persistente e teimosa veio dela. Ela carinhosa, muito até, mas demonstrava do seu jeito.

Não podemos tirar o mérito da minha mãe. JAMAIS. Ela que me carregou por nove meses, passou dificuldades, já mencionados anteriormente. Trabalhou, estudou, pagou as contas, me deu livros infantis, fitas dos meus desenhos favoritos, me abraçava e me beijava enquanto tomava café, brincava de Maria Chiquinha, me deu cestas de café da manhã, presentes que nunca pensei em ter, acabou com espírito do natal quando eu tinha cinco anos (mãe, amei a bicicleta), me fez aprender a nadar, andar de bicicleta, patins, jogava jogos de tabuleiros comigo, banco imobiliário, Veja o Brasil, cara a cara, tapa a tapa, nunca me comprou um atlas (piada interna), mas me comprou dezenas de bonecas. Cantávamos juntas, ela me acalmou quando o Mufasa morreu e me disse que ia ficar tudo bem, que eu deveria prestar atenção no Simba, me fez gostar de filmes legendados, me apresentou Woody Allen, Tim Burton, Quentin Tarantino, John Woo.... E me fez gostar da sua maior paixão: cinema. Ela é o Yoda. E eu sou sua padawan, agora mestre Jedi, na crítica. Altamente treinada, pela melhor! 
A parte sensível, amorosa, doce, chorona, emotiva e a coragem de se jogar no desconhecido é toda da minha mãe. Ela comete erros, alguns rápidos de perdoar, outros nem tanto. Mas quem não comete erros? Qual mãe acerta em tudo? Qual mãe não tem medo? Qual mãe não comete o erro por proteger demais? Da mesma forma que ela me entendeu a vida inteira, preciso entender suas escolhas. Como diz na música do Renato Russo: "Você me diz que seus pais não entendem, mas você não entende seus pais" Mas sei que somos parceiras até o fim. 

Eu sei que ela vai chorar quando eu me formar, quando o primeiro neto nascer. E o segundo também. Vai mimar os netos, assim como vai educar. Vai me dar conselhos quando eu pedir. E quando eu não pedir também. Vamos brigar. Vamos fazer as pazes. Mas tenho certeza de uma coisa: não importa se tenho cinco, dez, quinze, vinte e sete ou cinquenta anos, ela vai me olhar dormir e fazer cafuné, dizendo que sou o bebê dela. Porque na cabeça dos nossos pais, nunca crescemos. Por eles, ficaríamos crianças pra sempre, só para ficar pra sempre debaixo das asas e sendo sempre protegidos. 

Fui um erro. Virei um acerto. 

Mãe, agradeço a Deus pela honra de ser sua filha e ainda mais por ter me dado uma mãe tão dedicada e maravilhosa. 

Obrigada por existir e feliz dia das Mães. 

Te amo de forma que nenhuma língua pode explicar e nenhuma matemática pode mensurar!