terça-feira, 12 de janeiro de 2016

12 de janeiro

Hoje é meu aniversário. 
E desde que me entendo por gente e quando comecei a entender o sentido da história, em todo aniversário acontecia a mesma coisa, principalmente quando caía em finais de semana. 

Minha avó me acordava, com água benta, me beijando, dizendo que deveria tomar café da manhã, com minha mãe e ela e aproveitar o dia, já que ele era meu. Se o telefone tocava, eu tinha que atender, porque certamente era pra mim (já que naquela época não existia Facebook para te lembrar, então quem te ligava no fixo, te parabenizando, era porque realmente sabia seu aniversário). 
Minha vó não dava os parabéns até dar 16:40, que foi a hora que nasci. Minha mãe aproveitava o café da manhã pra me dar meus presentes ou apenas presente. Almoçávamos juntas e sempre uma comida mega deliciosa, da dona Julia, que fazia questão de fazer o que eu gosto. E durante o almoço, sempre ouvia a mesma história: a do meu nascimento. 

Minha vó não fazia questão que eu nascesse, partindo do princípio que minha mãe era muito nova, ela achava que minha mãe não tinha capacidade de cuidar de uma criança. Acho que até a minha mãe duvidava dela mesma, mas assumiu o "fardo" mesmo assim. Meu pai não valia (ou vale) muita coisa, porém minha mãe nunca falou mal dele. Minha vó, às vezes. Entretanto, o rancor é meu, por crescer e entender o valor das mulheres que me criaram com tanto carinho, amor, esforço e força. 
Sempre começava com a minha mãe falando que quase de manhã, não conseguia dormir mais e levantou as 7 da manhã, que minha vó acordou e a viu caminhando pela sala. Perguntou se estava bem e ela disse que estava com uma dor enjoada que não passava. Minha vó disse: "essa pequena vai nascer, Ruth." Chamaram meu tio, que na época tinha carro, e foram para o Hospital Sírio e Libanês, na São Francisco Xavier. Descobriram lá, que o traste do meu pai, não pagava o plano de saúde fazia cinco meses e que não poderiam fazer nada por lá. Foram elas, pra Maternidade Pública Praça XV. As 16:40, eu nasci. 
Ouvi essa história, em todo aniversário, se não fosse no almoço, era a noite, na janta. Ainda tinha a parte que meu pai foi me ver e queria que a minha mãe, colocasse o sobrenome dele, quando fosse me registrar. Minha mãe disse: "Coloco sim. Mas você pagará pensão. Porque visitar, sem trazer nem uma fralda, realmente não dá. Logo, ela com seu nome, terá que me ajudar." E foi assim, que nunca mais ouvimos falar dele. Apenas registrada no nome da minha mãe. Gosto assim. 

A melhor parte, era que minha vó fazia um bolo de chocolate, simples, de Nescau e fazia um café fresco pra acompanhar. E ainda me deixava lamber a massa do bolo, enquanto ele estava assando.

Quando ela estava com câncer pela primeira vez, ela me disse que sou a neta que deu mais orgulho. Acho que acabei domando a fera, no final das contas.  

Por que estou contando isso? Primeiro aniversário que nada disse aconteceu. Não tem bolo simples. Nem história. Nem acordar com água benta. Tudo muito diferente, não que esteja ruim, mas era meio que uma tradição e senti falta. 

Vou precisar de tradições novas e deixar essas apenas na caixinha das lembranças boas. =')











segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Por que amo correr?

Primeiro post do ano de 2016!!! \o/ 
E por que não começá -lo falando sobre algo que amo fazer: correr! 

Quando falo que gosto, muita gente acha que é por estética que corro ou me chamam de maluca. 
Descobri quando minha vó faleceu, que ela era meu ponto de equilíbrio. Era o elo entre minha mãe e eu. A que fazia tudo dar certo, num equilíbrio perfeito. E quando ela se foi, percebi que passava muito tempo com ela, fazia muitas coisas com ela e conversava muito com ela. E todo meu equilíbrio se foi  junto com a minha velha. Precisei, então, encontrar um válvula de escape que não fosse outra pessoa, a não ser eu mesma. 

Então, comecei a correr. Por estética, pra emagrecer, para ganhar resistência e perder gordura. Até que eu notei que não conseguia ficar mais sem correr. 

Quando estou correndo, meus problemas somem. A corrida começa devagar, pra aquecer. A respiração vai ficando mais difícil, as panturrilhas e a barriga começa a doer. 
Depois tudo flui: o coração começa a bater no ritmo da corrida, a respiração entra em sintonia com o coração, a dor na barriga passa, a pista vira sua amiga, os problemas que você estava pensando enquanto se alongava, agora já sumiram. Seus pensamentos se misturam e você começa a pensar na música que está tocando nos fones de ouvido. Tudo se torna prazeroso: a brisa no rosto, o tempo correndo e a disposição que ganha a cada passada.Quando percebe, não tem mais nada na sua mente, a não ser uma sensação de alívio, dever cumprido,que pode enfrentar o mundo e que no dia seguinte, quer ter essa mesma sensação. 

Amo correr, porque ele é meu equilíbrio. Onde encontro a minha paz. Da mesma forma que a minha vó fazia.